Hierarquia familiar: submissão ou libertação?
- Ana Paula Klein
- 10 de jan. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 12 de jan. de 2020

Nos últimos anos as constelações familiares se tornaram mais conhecidas e junto com o crescimento pelo interesse em participar e vivenciar a técnica, críticas estão sendo realizadas. Qualquer método, técnica, teoria, é passível de crítica, e questionamentos são positivos, pois provocam aprofundamento, revisão de conceitos, e ajustes na própria prática.
Entretanto, muitas das críticas que estão surgindo mostram uma visão superficial do arcabouço teórico que embasa as constelações.
Essa semana em um artigo de uma revista foi apontado que a constelação promove uma certa submissão do indivíduo ao ter que aceitar a hierarquia familiar. Observamos que há dúvida/confusão em relação à um conceito básico desse trabalho.
Bert Hellinger identificou que há uma hierarquia familiar no sentido de ordem/organização, quem chega primeiro tem precedência aos que chegam depois. O que significa isso? Os pais dão a vida, os filhos recebem desses pais, independente das relações afetivas, vínculos e convivência com esses pais, essa é uma lei sistêmica. No trabalho das Constelações é sugerido que os filhos reconheçam esse lugar, o lugar daquele que recebeu a vida através de um pai e uma mãe.
Pois bem, reconhecer não significa concordar com o jeito de ser desses pais, com seus valores, comportamentos e atitudes, ao contrário, ao enxergar quem são, seus contextos, crenças e o que rege meu sistema familiar, tenho mais condições de escolher novos caminhos... e então o tchau é necessário. Sigo adiante com a vida que recebi (desse pai e dessa mãe) com seus valores ou não! Aqui é que está a libertação! Essa escolha passa a ser minha... posso construir outro caminho, uma nova família com dinâmicas de funcionamento mais saudáveis... se assim for preciso e você desejar.
Ah! mas e aqueles pais que são abusivos, violentos, tóxicos? Tchau!! Em alguns casos, esse é o melhor caminho. Reconheço o meu contexto, olho para o que aconteceu comigo e com o sistema familiar e aceito no sentido de enxergar a realidade tal como é.
Ah! mas eu me dou super bem com meus pais... ótimo, siga com o que te faz bem e busque o que mais desejar.
Constelação familiar promove muito mais libertação do que submissão ao sistema familiar. Cabe à cada um reconhecer o lugar que ocupa e o que quer fazer com isso. A caminhada é sua.